Para quem é fã de anime, sempre temos aquela obra favorita com dinâmicas extremas, grande quantidade de personagens, trilha sonora que nos arrepia com suas músicas que até o final da temporada de lançamento não vão sair da cabeça. Mas e se nos aproveitarmos do silêncio e pequenos detalhes para contar uma história e criar sua atmosfera? Mushishi é assim, nos fazendo imergir na simplicidade de suas peculiaridades.
Mushishi é um anime produzido pelo estúdio Art-land, sua primeira temporada de 26 episódios estreou em 2005. Temos a história de Ginko, um homem misterioso de cabelos brancos que está sempre com um cigarro torto em mãos. Ao decorrer da série descobrimos que ele justamente é um “mushishi”, aquele que estuda e pesquisa uma curiosa forma de vida chamada “mushi”. Sempre é reforçado que os mushis são como vizinhos; eles não são criaturas com uma forma concreta, tampouco são maus ou bons, mas coexistem com os seres humanos.

Vindo de um mangá de mesmo nome escrito por Urushibara Yuki, Mushishi é sobre equilíbrio e existência. A estética é incrível, apelando para muitos tons de verde que expõem bastante da natureza em um período antigo na história do Japão. Passamos por diversas estações e locais, em um ritmo lento, mas no melhor dos sentidos. Ginko viaja procurando casos com mushis para que possa ajudar (tanto os mushis quanto os humanos, dependendo da situação), então acompanhamos ele em sua jornada sem rumo certo. Não há pressa em resolver os problemas, há apenas diligência em compreender e ajudar da melhor forma. Ginko é um personagem paciente e é nesta atmosfera que o anime vai ser envolvido, reforçada pela sua trilha sonora.
Trilhas sonoras são conhecidas no geral por trazerem as emoções certas, ou para causar ainda mais impacto. Mas um dos pontos que mais diferem Mushishi e criam sua atmosfera única é sua trilha sonora, que também é simples, novamente no melhor sentido da palavra. A trilha sonora se mantém bastante discreta, às vezes tão quietas quanto Ginko em suas viagens, também tem seus momentos mais épicos, mas o som mais presente é sempre da natureza de modo suave. Os personagens curiosamente não falam tão alto como vemos em muitos animes por aí, é uma questão de sofisticação na ambientação.

Cada episódio contempla uma nova história, com resultados diferentes, com sentimentos e lições diferentes. Ginko sempre tenta ser respeitoso com os mushis e espera o mesmo dos outros, então um contato delicado com a natureza das coisas é essencial na narrativa. Durante a história, o anime coloca reflexões dentro dessa atmosfera tão verde e simples, pensar sobre a vida e em como a encaramos é uma das peças chaves da obra. Talvez, sobre as pequenas coisas da vida que nos acompanham. A imersão em Mushishi é confortável, você vai ser abraçado por um universo tranquilo mesmo quando está em conflito, uma experiência única para quem está procurando obras diferentes para explorar.
Mushishi tem sua primeira temporada lançada em 2005, mas em 2014 recebeu mais uma temporada chamada Mushishi Zoku Shou, que contém um total de 20 episódios separados em duas partes iguais. O título também possui dois especiais lançados também em 2014: “Mushishi: Hihamukage” e “Mushishi Zoku Shou: Odoro no Michi”. Todos são muito bem avaliados em fóruns para fãs de anime como é o MyAnimeList.

Particularmente, é um dos meus animes favoritos de toda a vida. A minha experiência que tive assistindo aos poucos depois de um dia cansativo foi incrível, Mushishi consegue trazer o relaxante e o interessante em uma única obra, criando e reforçando um universo único com suas características próprias. As reflexões são postas discretamente como é toda a narrativa, como é a natureza dos mushis. E eu fortemente indico.
Mushishi (2005) está disponível na Crunchyroll.