Mushoku Tensei: Isekai Ittara Honki Dasu (Mushoku Tensei: Jobless Reincarnation) foi um dos animês mais comentados da temporada de inverno de 2021, seja por sua história e personagens ou pela incrível produção. Sendo assim, para saber mais sobre o processo de produção do animê, o conhecido site Animes News Network fez uma entrevista com Manabu Okamoto e Toshiya Ootomo, diretor e presidente do Studio Bind, respectivamente.



Perguntas para Manabu Okamoto:
Qual foi sua primeira impressão do trabalho original?
Tinha muitas partes vulgares e desagradáveis, mas no final das contas achei que era uma história de primeira linha. No site Narou, havia uma parte chamada “Arco Aisha” que agora foi removida porque era controversa. Nele, o protagonista é finalmente capaz de reconhecer quem ele foi em sua vida anterior, mas colocá-lo em palavras reduziria toda a sua vida reencarnada a isso. O fato dessa história ter assumido a forma de um romance online, um terreno sagrado que a mão de um editor comercial não alcançaria, fez com que a obra fosse capaz de retratar a vida de uma única pessoa com tanta riqueza. Quando li, já tinha muitos fãs, então me senti mais pressionado para criar um animê que pudesse fazer justiça à história amada por eles.
Quando você assumiu o cargo de diretor deste trabalho, que tipo de desafios você imaginou que enfrentaria na criação de uma adaptação em animê do trabalho original? O trabalho final correspondeu a essas expectativas?
Eu ouvi rumores de que antes deste projeto atual começar, muitas outras empresas estavam tentando fazer os projetos Mushoku Tensei decolarem. No entanto, nunca foi transformado em uma adaptação para TV. Quando li a história original, pensei que pode haver vários motivos para isso:
- É muito vulgar.
- A história é terrivelmente difícil de organizar na estrutura de um animê de TV.
- A indústria da animação japonesa tornou-se supersaturada com o gênero de reencarnação isekai.
A razão 2 foi um problema particularmente significativo: a questão de quanto o animê poderia adaptar.
Adaptar todo o material de origem o tornaria tão longo que seria impossível. Se você fosse apenas fazer o começo, o desenvolvimento do enredo ficarai pequeno, então seria difícil trazer à tona suas qualidades impressionantes como um animê. A passagem do tempo também é rápida e os locais mudam constantemente. Sendo assim, acaba exigindo uma quantidade absurda de materiais de design.
Houve muitos problemas. Eu era facilmente capaz de imaginar esses transtornos, mas quando realmente entramos na produção, as dificuldades facilmente ultrapassaram minha imaginação.
Como foi sua experiência trabalhando como diretor e compositor da série?
Muito díficil.
Mushoku Tensei é uma obra que retrata toda a extensão da vida de um homem, desde o nascimento até a idade adulta. Por causa disso, o design do personagem de Rudy parece mudar a cada episódio. A que tipo de coisas você prestou atenção para retratar seu crescimento gradual?
Se você não conhece o fluxo de trabalho para a criação de anime, acho que não será capaz de imaginá-lo, mas é extremamente difícil retratar o crescimento gradual de uma criança passando por mudanças corporais significativas (Também é difícil em live-action). É por isso que geralmente fazem algo como um salto de 5 anos com mudanças marcantes nos personagens. Mas eu não queria fazer isso. Por isso, aceitei o desafio de retratar gradativamente o crescimento do personagem. Eu deixo para os espectadores decidirem se fizemos isso bem ou não.
O contraste entre a identidade passada de Rudy e sua identidade reencarnada é impressionante. Que tipo de considerações você teve em mente quando decidiu sobre os atores de voz?
A razão de escolhermos Tomokazu Sugita como o homem da vida anterior de Rudy é porque quando li a história original pensei que era impossível para ele ser outra pessoa. É também uma homenagem a um querido anime que já foi ao ar e que foi o ponto de partida para o casting.
Depois que Rudeus reencarnou, ele vive em seu novo mundo geralmente agindo com uma máscara. Sua dubladora, Yumi Uchiyama, é uma pessoa muito habilidosa, e acho que ela entende essa nuance.
Rudy tem um lado pervertido e uma personalidade imperfeita. Como você encontrou o equilíbrio entre retratar suas falhas e fazer dele um personagem simpático pelo qual vale a pena torcer?
Este personagem tem uma personalidade oposta: um lado vulgar com o qual é incrivelmente difícil simpatizar, bem como um lado mais normal e convencional com o qual podemos simpatizar. Esses traços negativos fazem parte de sua identidade, então ele não pode se livrar deles, mas estamos levando em consideração retratá-lo de uma forma que não cause desconforto aos telespectadores.
Como você retrata a magia de uma forma fantástica, mas também uma parte fundamentada do cenário?
Tentei permanecer o mais consciente possível sobre o fato de que a magia é uma extensão da natureza. Lembro a mim mesmo que não é anormal. No episódio 1, acho que foi desenhado com uma boa quantidade de efeitos para mostrar que não é muito mundano. Eu não sinto nada além de gratidão aos animadores que o desenharam com efeitos especiais tão legais.
Como você decidiu sobre a imagem granulada do animê?
Decidi por minha própria conta como lidar com a aparência geral dos visuais. Gosto muito do look retrô, então essa foi uma ótima oportunidade de experimentá-lo.
Sobre o compositor musical Yoshiaki Fujisawa, o que fez dele uma boa adição para o mundo de Mushoku Tensei?
Pela minha parte, fiz muitos pedidos estranhos, porque queria usar muitas performances classicamente informadas por volta do século 15, e queria expressar as diferenças de cultura entre os vários continentes que aparecem na história. Ele aceitou meus pedidos e criou um BGM moderno que transmite a atmosfera de um mundo de fantasia. Acho que ele combina muito bem.
Ele foi muito complacente com todas as retomadas e sinceramente cumpriu minhas instruções.



Perguntas para Toshiya Ootomo:
Como você se tornou o presidente do Studio Bind?
Sempre quis criar um estúdio, mas nunca tive o ímpeto ou a chance de fazê-lo. Devido a um momento oportuno, recebi uma oferta independente de Nobuhiro Osawa da EGG FIRM. Osawa havia deixado a empresa em que trabalhava e se tornou independente. Em um izakaya aberto, ele perguntou se eu queria fazer Mushoku Tensei. No entanto, um amigo de um amigo meu estava na porta ao lado. Ter um conhecido a par do conteúdo de uma reunião privada me faz pensar que o mundo é um lugar muito pequeno. Você tem que fazer conversas importantes em uma sala privada.
Com Mushoku Tensei, eu teria o apoio de Osawa e Gaku Iwasa da White Fox. Eu não achei que teria uma chance melhor de me tornar independente, então aproveitei a oportunidade para me tornar. Além do mais, achei que não havia título melhor para trabalhar no meu primeiro projeto, então aceitei a oferta.
Qual é o significado do nome do estúdio?
Quando me tornei independente, pensei em todos os animes em que trabalhei, e quando se tratava do que era importante para mim, pensei que eram os laços entre as pessoas. Desse significado de vínculos e união de pessoas veio o nome do estúdio “bind” (vincular).
Esta é o primeiro animê do Studio Bind. O que torna Mushoku Tensei um trabalho marcante para a equipe?
O que me marcou foi o primeiro PV de Mushoku Tensei. Quando você está fazendo um anime, você precisa de muitos materiais de design, mas fizemos aquele primeiro PV sem nada parecido com os materiais que você normalmente usaria para um anime. Nós nem tínhamos materiais de design de personagens ou materiais de arte de fundo.
Manabu Okamoto, Shingo Fujii, Ryo Imamura e a equipe que estava envolvida no momento da formação do estúdio produziram essa filmagem. É a primeira coisa que o Studio Bind lança ao mundo, então é muito memorável.
Quais foram as circunstâncias que fizeram aceitar Mushoku Tensei? Por volta de quando a proposta foi aceita?
Quando saí da minha empresa anterior e me tornei independente, pensei que não havia título melhor para ser o primeiro, então aceitei o trabalho.
Você tem vontade de produzir obras originais?
Se eu receber uma oferta para fazer isso, certamente adoraria tentar. No entanto, se não houvesse perspectivas de sucesso, mesmo que me pedissem para fazê-lo, acho que não o faria. Eu não consigo fazer um único animê parecer bom apenas com meus próprios esforços, então eu gostaria de tentar se eu pudesse reunir uma equipe com perspectivas vencedoras.



Sobre Mushoku Tensei
Mushoku Tensei: Isekai Ittara Honki Dasu é uma light escrita por Rifujin na Magonote e ilustrada por Sirotaka que começou a ser publicada em janeiro de 2014. No mesmo ano, uma adaptação em mangá desenhada por Yuka Fujikawa começou a ser publicada na revista Comic Flapper.
O animê para TV pode ser encontrado no catalogo da Funiamtion com legendas em português brasileiro. Além disso, uma segunda parte está prevista para ser transmitida em julho deste ano.
Sinopse
Na história acompanhamos um otaku desempregado de trinta e quatro anos que chega a um beco sem saída na vida e decide que é hora de virar uma nova folha – ele é atropelado e morre! Ele renasce no corpo de uma criança num estranho mundo novo de espadas e magia.
A sua nova identidade é Rudeus Grayrat, mas ele ainda mantém as memórias da sua vida anterior. Siga Rudeus desde a infância até à idade adulta, enquanto ele luta para se redimir num mundo maravilhoso, mas perigoso.
Fonte: ANN