*Esse texto não necessariamente reflete a opinião da Otakus Brasil, muito menos de seus colaboradores
A indústria brasileira de mangás e light novels é algo que vem me atraíndo há algum tempo. Ler livros é algo muito útil: você aprimora seu vocabulário e expande sua criatividade. Acompanhar boas histórias literárias que nos prendem, fazem a gente pensar, ou simplesmente geram boas gargalhadas, é de longe algo muito agradável. Unindo o útil ao agradável, obtemos: (adivinha…) Isso mesmo, as light novels e os mangás (ou qualquer HQ/livro).
Livros nunca foram muito presentes na minha adolescência, mas eu resolvi dar uma chance, muito por causa dos animes. Pesquisei alguns títulos e escolhi uma LN, cuja até já li alguns capítulos. Mas uma dúvida que martelou minha cabeça desde então é: por que existem tão poucos mangás e novels publicados no Brasil, se nós temos um mercado razoavelmente grande? Ah, e você deve estar aí pensando: “pô, mas o Brasil tem uma porrada de mangás publicados…” Pois é, até temos uma lista considerável, mas se comparado com os Estados Unidos, a lista é bem pequena. (Lista dos mangás publicados no BR) (Lista dos mangás publicados em inglês, maioria deles é publicado nos EUA)
Com o objetivo de sanar minhas dúvidas (e escrever este artigo,) solicitei à nossa equipe do Twitter que fizessem um post, perguntando o que leva vocês, as pessoas que moldam a comunidade otaku, a piratear ou comprar as versões oficiais dos mangás/LNs. E não deu outra: a grande maioria disse que têm interesse em comprar as versões oficiais, mas elas são muito caras (as edições geralmente custam a partir de R$22,00 e vão até R$35,00 ou até mais em alguns casos) além da demora de novos volumes e principalmente o preço do frete, no caso das pessoas que moram em cidades do interior ou longe do sudeste, onde estão sediadas as editoras de mangá brasileiras, sem contar que a maioria dos leitores ainda não trabalham e dependem dos pais para comprar os livros, que muitas vezes preferem não gastar esse dinheiro. Aqui estão algumas respostas ao tweet:
Foi curioso ver que algumas pessoas preferem ler alguns capítulos por meio da pirataria e apenas depois de ter certeza se vão gostar ou não da obra, é que elas compram a versão oficial.
Mas com as light novels, o buraco é mais embaixo. Sabemos que um dos motivos dos mangás serem tão populares entre pessoas de diversas idades e gêneros é pela facilidade de ler os quadrinhos. Isso não acontece com livros. É claro que a linguagem usada em light novels, que visa justamente adolescentes e jovens adultos, é bem simples se comparada a outros tipos de romances, porém num país como o Brasil isso não muda muita coisa, visto que a média de livros que o brasileiro lê por ano é de 2,4. Um contraste absurdo com países que são mais desenvolvidos como França, Estados Unidos e Inglaterra, onde a média de livros que cada pessoa lê por ano é, respectivamente, de 7, 5,1 e 4,9.
Além disso, uma pesquisa revelou que a região Nordeste é a que mais lê. E é justamente essa região que mais tem dificuldade em comprar as light novels e mangás, já que o frete acaba sendo caríssimo e demorado. E para a “bola de neve” ficar ainda maior, a maioria das lojas que vende esse tipo de livro ficam localizadas em São Paulo, especialmente no bairro da Liberdade, onde há uma grande comunidade de Nikkeis (decendentes de imigrantes japoneses.). Mas o que é bom para o leitor paulistano, já que ele tem bastante opção, pode ser um pesadelo para os leitores de outras regiões, justamente os que pegam maior frete para as encomendas online (no caso de envios provenientes de SP).

Conclusão:
Apesar de pouco, o mercado brasileiro tem mais potencial do que aquele que é aproveitado pelas empresas. Um dos grandes motivos pelo qual a indústria de mangás e novels continua pequena no Brasil é a pouca quantidade de lojas especializadas nesse tipo de literatura espalhadas pelo Brasil, a crise econômica, fortemente agravada pela pandemia, e a dependência econômica do público-alvo das obras. Será que esse cenário vai mudar um dia? Eu torço para que sim!
Nota: esse foi meu primeiro artigo de opinião, confesso que a qualidade não foi das melhores. Eu tive uma ideia boa mas acabou que eu não soube desenvolver bem o texto. Espero que tenham gostado de qualquer jeito.