Dublacon 2024: O que faltou em espaço, sobrou em carisma e vontade dos dubladores.

A Dublacon 2024 celebrou a dublagem com painéis animados, mas enfrentou problemas de espaço e som.

De Alesson S. Moreira
5 minutos de leitura

Neste sábado, dia 29 de setembro, aconteceu a Dublacon 2024, uma convenção de dublagem criada e produzida pela equipe da Versão Dublada. O evento tem como proposta homenagear e dar visibilidade a uma profissão que, por muito tempo, foi invisível ao público, mas que, ano após ano, vem ganhando espaço e levantando diretrizes importantes, como o movimento Dublagem Viva, que luta pela regulamentação do uso de IAs nas dublagens.

O projeto, iniciado de forma online em 2021 e com um hiato em 2023, chega este ano à sua terceira edição, sendo a segunda presencial e a primeira realizada em São Paulo. Para a capital paulista, o evento escolheu o Teatro Unicid como sede, uma decisão que, talvez, não tenha sido a mais acertada.

Dublacon 2024

Problemas de Espaço e Organização na Dublacon 2024

O foco principal do evento eram os painéis, tanto que estive apenas uma vez no palco Marcelo Gastaldi, no auditório do teatro, e não tenho reclamações a fazer sobre esse espaço. No entanto, o mini palco Conexão Versão Dublada, localizado no foyer, e na Área Externa, onde ocorreram meet and greets e onde ficaram as lojas, foram, no mínimo, mal planejadas.

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A Área Externa, por exemplo, era pequena e, embora a proposta do evento não fosse contar com muitas lojas ou atrações ali, o espaço rapidamente se tornava lotado. Isso ocorreu tanto devido ao fluxo de novos visitantes, quanto pelas longas filas do meet and greet e pelas trocas de painéis, quando os dubladores passavam espontaneamente pelo local, atraindo grandes grupos de fãs em busca de um momento com seus ídolos.

Lojinha Dublacon

Já no Conexão Versão Dublada, além da grande quantidade de pessoas que queriam assistir aos painéis, interagir com os dubladores ou entrar no palco principal, havia o grave problema de som. Não importava se você estava próximo ao palco ou da equipe que transmitia o evento para o YouTube, o som era inaudível.

Além de não haver uma caixa de som para o público, o retorno de áudio era feito por uma TV que apenas duplicava o som no ambiente. Mesmo assim, o volume continuava baixo e não conseguia competir com o restante dos ruídos no espaço. Durante as trocas de painéis, não era difícil perceber a frustração da dubladora Isabela Crespo, que apresentava o palco, com os problemas de áudio — e com toda a razão.

Questões de lotação e falta de espaço são problemas comuns em eventos de cultura pop, desde os maiores até os menores, especialmente em suas primeiras edições. Eventos como a Perifacon e a Poc Con também enfrentaram esses desafios em suas primeiras realizações, muitas vezes devido ao receio de não atrair público suficiente. Embora os palcos sejam o foco da convenção, talvez teatros — onde ocorreram as duas edições presenciais do evento e que geralmente possuem áreas externas menores — não sejam melhores locais para a realização do evento.

Porém, o problema do som é algo mais delicado, especialmente considerando que estamos falando de uma profissão em que o áudio é essencial. A ausência de caixas de som para o público foi uma falha significativa. Espero que, nas próximas edições, todas essas questões sejam cuidadosamente consideradas, visando uma entrega de maior qualidade para o público.

Conexão Versão Dublada

Dubladores mostram atenção genuína aos fãs

Apesar das falhas técnicas, o que a Dublacon perde em estrutura, compensa ao colocar os dubladores no centro do evento. Diferente de uma CCXP ou Tudum, que focam principalmente em estrelas nacionais e internacionais, mas que está lá para divulgar um produto específico ou ganhar uma graninha extra no fim do mês, na Dublacon, é evidente que os dubladores estão presentes porque realmente querem estar lá. Eles demonstram grande alegria em participar do evento, seja para interagir com os fãs ou para reencontrar e prestigiar seus colegas de profissão que estão sendo homenageados.

Voltando ao Conexão, palco onde passei a maior parte do tempo, os dois apresentadores, a já mencionada Isabela Crespo e o talentoso Wirley Contaifer, demonstraram grande entusiasmo, se divertindo ao apresentar, conversar com os convidados e interagir com público.

Inclusive, preciso abrir o parenteses para falar do Wirley, que foi extremamente carinhoso com todos desde o momento em que chegou ao espaço. Durante as trocas de painéis, quando o público se aproximava para conversar com os apresentadores e convidados, Contaifer interagia e abraçava todos que iam até ele, incluindo em um momento que ele tentava entrar no banheiro. Quando tentei falar com ele, o dublador foi muito simpático e, mesmo sem conseguir gravar o vídeo que eu queria, saí muito feliz daquele momento.

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Não apenas Wirley, mas era evidente que todos os dubladores estavam ali para atender ao público. Autógrafos, fotos e vídeos eram sempre feitos com um sorriso e uma atenção genuína aos fãs. Além disso, estavam cercados por amigos e familiares, o que tornava todos os momentos, incluindo os painéis, permeados por um forte sentimento de companheirismo. Na única vez em que estive no palco Marcelo Gastaldi, pude ver os convidados se divertindo, brincando com o público e apontando para as pessoas na plateia que estavam envolvidas nas histórias que contavam.

Em tempos de ameaça, com as IAs potencialmente colocando empregos em risco, foi inspirador ver esses profissionais, muitas vezes vistos como distantes, se unindo e sendo tão humanos. Eles não estavam apenas lutando por seus empregos, mas também comemorando e homenageando a profissão e seus colegas. Então, apesar dos desafios a serem enfrentados nas próximas edições, a Dublacon 2024 termina deixando um saldo muito positivo.

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