Nova gestão da Crunchyroll enfrenta críticas e atritos com produtoras japonesas

Desde sua aquisição pela Sony, a Crunchyroll enfrenta desafios internos e externos, incluindo atritos com produtoras japonesas e aumento da concorrência no mercado de animes.

De Dionísio
3 minutos de leitura

Desde que foi adquirida pela Sony em 2021 e fundida à Funimation, a Crunchyroll, maior plataforma de streaming de animes do mundo, enfrenta desafios crescentes. Em reportagem recente da Bloomberg, traduzida e complementada pelo JBox, foi exposto críticas internas e tensões com parceiros japoneses, gerando preocupações sobre o futuro da empresa no mercado competitivo de animes.

Imagem de divulgação da fusão de Crunchyroll com Funimation
Imagem de divulgação fusão Crunchyroll e Funimation

A aquisição bilionária e o início da integração

A Sony concluiu a aquisição da Crunchyroll em agosto de 2021, em um negócio avaliado em US$ 1,175 bilhão. A compra marcou uma das maiores transações no setor de anime, consolidando o domínio da Sony ao unir a Crunchyroll e a Funimation sob um único guarda-chuva. A estratégia visava criar uma plataforma robusta, oferecendo um catálogo abrangente de animes e fortalecendo a posição da Sony em um mercado global em expansão.

Inicialmente, a fusão prometia ser um movimento promissor, com planos de integrar as bibliotecas das duas plataformas e melhorar a experiência do usuário. No entanto, os desafios de gestão e adaptação logo se tornaram evidentes, revelando tensões internas e problemas de direcionamento estratégico.

Problemas internos e queda na motivação

A fusão resultou em uma queda de moral dentro da empresa. De acordo com o Bloomberg, a motivação dos funcionários caiu de 51% para apenas 39%, com relatos de insatisfação com a nova gestão. Além disso, a saída de líderes estratégicos, como Colin Decker, antigo CEO da Crunchyroll, e Brady McCollum, diretor operacional, aprofundou a sensação de instabilidade interna.

Funcionários também relataram que executivos da Sony demonstram uma compreensão limitada sobre o público-alvo da Crunchyroll. Em um incidente específico, o gênero anime foi referido como “desenho infantil“, gerando críticas de colaboradores e especialistas no setor.

Atritos com produtoras japonesas

Além das questões internas, a relação com estúdios e produtoras japonesas também parece ter se deteriorado. Um exemplo recente é o suposto boicote à promoção de Dan Da Dan (Science SARU), título produzido por um dos parceiros da Crunchyroll, mas que acabou sendo promovido pela Netflix e alcançando enorme sucesso na plataforma rival, que inclusive ganhou uma versão dublada diferente em cada uma das duas plataformas. Essa atitude teria irritado as produtoras japonesas, como a Toho, que adquiriu em junho deste ano o estúdio responsável pela animação.

Eventos e iniciativas questionáveis

A Crunchyroll também tem enfrentado dificuldades em eventos e iniciativas externas. A ausência em grandes eventos dedicados ao público otaku, como o Anime Friends, foi vista como um afastamento do público de nicho. Em contrapartida, a empresa priorizou convenções mais amplas, como a CCXP24, mas os resultados foram aquém do esperado.

Estande da Crunchyroll na CCXP24
Crunchyroll na CCXP24

Outro exemplo de execução problemática foi o concerto de One Piece realizado na Comic-Con de San Diego, que recebeu críticas por sua organização. Enquanto isso, áreas como Crunchyroll Games e o setor de vendas de produtos físicos não têm alcançado o sucesso desejado, resultando em demissões e reestruturações.

Concorrência crescente no mercado

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Com concorrentes como a Netflix, que tem investido fortemente em produções originais e licenças de animes populares, a Crunchyroll enfrenta desafios para manter sua liderança. A plataforma, que por muito tempo foi a principal escolha dos fãs de anime, agora parece perder terreno entre o público jovem e casual.

O futuro da Crunchyroll

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Logo Crunchyroll

Embora ainda seja uma das maiores plataformas dedicadas ao streaming de anime, as recentes decisões estratégicas da Crunchyroll e os problemas de gestão levantam dúvidas sobre sua capacidade de continuar dominando o setor. A empresa precisará reavaliar suas prioridades e melhorar suas relações com produtoras e fãs se quiser manter sua relevância no mercado.

A crise na Crunchyroll reflete a complexidade de equilibrar um público de nicho apaixonado com os objetivos de uma grande corporação como a Sony. O que os próximos anos reservam para a gigante dos animes ainda está por ser visto, mas a concorrência não parece disposta a ceder espaço facilmente.

Para informações mais detalhadas sobre os bastidores da nova gestão da Crunchyroll e os impactos na indústria de animes recomendamos a leitura dos artigos publicados pela Bloomberg e pelo JBox.

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