Entrevista exclusiva com Taiki Konno, animador de Fire Force, Monogatari Series e Magical Destroyers

Konno Taiki já fez animação chave, storyboard, direção de episódio e até eyecatchs, sendo o responsavel pelo famoso encerramento de Fire Force.

De Daniel
Publicado em: Última atualização em: 10 minutos de leitura

Tivemos o privilégio de entrevistar o renomado animador Taiki Konno, um profissional com mais de uma década de experiência ativa na indústria de animação. Sua carreira inclui uma longa colaboração com o estúdio Shaft, com ele se destacando em uma série de projetos impressionantes.

Apresentando um extenso currículo, Taiki Konno já participou de animes como Nekomonogatari, Nisemonogatari, Monogatari Series: Second Season, Tsukimonogatari, Hanamonogatari, Mekakucity Actors, Nisekoi, Sangatsu no Lion, Fire Force, Fate/Grand Order, Magical Destroyers, Boruto (encerramento 17), The Promised Neverland 2 (encerramento), Undead Unluck, entre muitas outras obras, com certeza você já assistiu algo feito por ele!

A seguir alguns exemplos de trabalhos do Taiki Konno:

Fique agora com a entrevista:

  • Otakus Brasil: Para começar, você poderia se apresentar? Em seguida, poderia explicar em detalhes qual é o seu papel na produção de animações?

Taiki Konno: Eu sou um animador freelancer. Meu nome é Taiki Konno. Como animador, eu costumo fazer muitos trabalhos de animação principal. Mas recentemente, tenho trabalhado na realização de curtas-metragens onde sou responsável por tudo, desde o storyboard até a finalização sozinho.

  • Otakus Brasil: Konno-san, onde podemos ver esses curtas-metragens?

Taiki Konno: Principalmente nos encerramentos (EDs). Você pode assisti-los em “Fire Force”, “The Promised Neverland Season 2”, “BORUTO” e “Magical Girl Magical Destroyers”. Também fui responsável por algumas cenas dramáticas no início do primeiro episódio de “Undead Unluck”, que foi ao ar recentemente.

  • Otakus Brasil: Como foi trabalhar em “Magical Girl Magical Destroyers”?

Taiki Konno: Foi difícil porque foi meu primeiro trabalho de arte conceitual e tive que pensar na melhor forma de desenhá-lo, porque, ao contrário dos EDs, os próximos trabalhadores pegariam o que eu desenhava e criariam a tela. Eu tinha que estar ciente de como ela seria usada. Havia partes relacionadas ao storyboard, mas também era difícil trabalhar em perfeita coordenação, então, no final, eu apenas dava ideias e deixava que eles fizessem suas próprias escolhas.
Foi particularmente difícil ter ideias e designs para os episódios 2: The Pink Brain World e episódio 8: Wanku!. Fiquei feliz em saber que a torre de figures no Pink Brain World foi bem recebida pelo autor original.

  • Otakus Brasil: Qual foi a sua experiência ao trabalhar com o estúdio Bibury Animation Studios (Magical Destroyers) e o diretor Hiroshi Ikehata?

Taiki Konno: Depois da pandemia, continuei a trabalhar sozinho em casa, e só encontrei o diretor Ikehata algumas vezes em reuniões. A impressão que tenho dele é que ele tem um conhecimento sólido sobre elementos que podem ser referências na cultura otaku ao lidar com esse tipo de obra. Talvez eu não saiba muito sobre isso.

  • Otakus Brasil: O primeiro encerramento (ED) de “Fire Force” recebeu muitos elogios. Pode nos contar como abordou o processo de criação e compartilhar detalhes sobre a experiência criativa?

Taiki Konno: Começo lendo o trabalho original que recebo e procuro as partes com as quais me identifico e com as quais sinto mais empatia. No caso de ‘Fire Force’, o que mais me tocou emocionalmente foi a ideia de “pessoas queimando e morrendo repentinamente de forma irracional”, então desenvolvi o conceito a partir daí e acabei me fixando em uma forma que retratava o passado e o presente de Iris. Em termos de imagens, usei minha experiência com Oni Monogatari e Mekakucity Actors do meu tempo na Shaft, além de me concentrar em texturas que não aparecem nas produções de anime convencionais. Já que estava trabalhando sozinho, sentia que não faria sentido se o resultado final fosse algo que poderia ser obtido facilmente através da divisão tradicional do trabalho. Tecnicamente, tento “não binarizar linhas” (não deixar preto e branco) e faço a animação sem suavização ou efeitos de pós-produção para obter uma sensação crua e nítida. Isso ocorre porque desejo um material claro e bruto, sem nenhum borrão, e tenho feito isso de forma consistente desde então. Além disso, quando se trata de representar as chamas em “Fire Force”, fiz muitas tentativas e erros para encontrar a melhor abordagem.

  • Otakus Brasil: Você participou de muitas obras da franquia “Monogatari Series”, como “Bakemonogatari”, “Tsukimonogatari” e “Nisemonogatari”. Pode compartilhar sua experiência de trabalhar em uma franquia tão amada por fãs em todo o mundo? Sabemos que temos muitos fãs no Brasil.

Taiki Konno: Eu mesmo entrei na Shaft porque adoro Bakemonogatari e queria fazer parte da produção de Kizumonogatari, então fico muito feliz em saber que há muitos fãs no Brasil também. O primeiro vídeo em que participei foi a retomada do DVD de Nisemonogatari, mas naquela época o espírito de fã ainda estava presente e eu estava feliz apenas por ver o material.
No meu primeiro ano na empresa, quando ainda estava fazendo vídeos, houve um corte no estilo Emaki/Ukiyo-e (estilo de pintura japonesa) para “Nekomonogatari Kuro”, e fui designado para ele porque estudei pintura japonesa na universidade. Como resultado desse trabalho, acabei sendo encarregado também na parte de rolo de imagem de “Oni Monogatari”, o que me deu a oportunidade de trabalhar num estilo especial que continuo a fazer até hoje. Acho que foi um trabalho que realmente teve um grande impacto em minha carreira como animador. Meu primeiro desenho original também foi para “Tsukimonogatari”.
Também pude participar da produção de “Kizumonogatari”, que inicialmente pensei que faria como animador, mas à medida que a produção se estendia, acabei trabalhando nas ilustrações originais. Foi muito bom para mim poder participar como ilustrador original. Na época de “Kizu”, eu ainda era um estreante em imagens originais e havia muito mais coisas que eu não entendia do que agora, então eu era realmente inútil, mas, como animador, sinto que aprendi mais com minhas experiências naquele local, ou melhor, fui nutrido lá.

  • Otakus Brasil: Pode nos falar sobre sua maneira de desenhar? Pode nos contar sobre o processo de aprimoramento de suas habilidades de desenho, como o que estudou na universidade ou a experiência de fazer cursos especiais?

Taiki Konno: Acho que não houve nada de especial, mas comecei a estudar desenho em uma escola preparatória para o vestibular para a faculdade de artes e, na universidade, entrei para uma turma de pintura japonesa e tive aulas de produção de pintura japonesa e anatomia artística. Havia um clube de produção de animação, então aprendi sobre produção de animação lá, embora em um nível amador. Eu não consegui adquirir muita habilidade de desenho quando fiz o vestibular, então mesmo depois de entrar na universidade eu tive um complexo com isso, ou melhor, fiquei preocupado com isso. Talvez ainda seja a mesma coisa agora, mas…

  • Otakus Brasil: Que conselho você daria aos jovens talentos que querem se tornar animadores?

Taiki Konno: Não tenho nenhum grande conselho para dar, mas acho que o conhecimento e a experiência não relacionados à animação podem ser úteis no futuro.

  • Otakus Brasil: Qual foi o momento mais gratificante de trabalhar no setor de animação? Durante sua experiência na área, do que você mais gostou e qual foi sua cena favorita ao trabalhar em uma animação?

Taiki Konno: Quando estou trabalhando em um encerramento, etc., às vezes sinto que tenho que mudar o plano do storyboard, ou melhor, meu plano ideal, e comprometer a forma como ele termina devido a limitações de tempo. Acho que é gratificante quando você tem um storyboard que é exatamente como havia planejado. Só é difícil por causa da pressão quando você está fazendo isso. Acho que o outro momento é quando encontro ou trabalho com alguém que simplesmente admiro.
No local, eu me diverti muito com ‘Kizu’. Em termos de trabalhos, gosto do encerramento da segunda temporada de The Promised Neverland.

  • Otakus Brasil: Quais são seus animes favoritos?

Taiki Konno: Evangelion, Patlabor 2, Ghost in the Shell 2: Innocence, Bakemonogatari, entre outros.

  • Otakus Brasil: Por fim, você gostaria de enviar uma mensagem para os fãs brasileiros de “Magical Destroyers”, “Fire Force” e seus outros trabalhos?

Taiki Konno: É a primeira vez que descubro que existe essa mídia para fãs de animes e mangás no Brasil. É uma sensação estranha pensar que meu trabalho pode trazer alegria para um lugar distante no Brasil, mas ao mesmo tempo me deixa muito feliz. Continuarei a fazer o meu melhor para criar boas obras.

  • Otakus Brasil: Palavras não são suficientes para expressar nossa gratidão ao senhor. Muito, muito obrigado. Aprendemos muito com essa conversa e tenho certeza de que nossos leitores também ficarão satisfeitos.

Essa foi a entrevista com o incrível animador Taiki Konno, peço desculpas caso tenha tido algum erro na tradução, estamos sempre tentando melhorar, foi minha segunda entrevista em japonês, sendo a primeira com o animador de Onimai. Obrigado por ler até aqui!

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Comentário

1 comentário

Diego Tupinambá 11 de outubro de 2023 - 22:58

Adorei a entrevista!

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