One Piece A Série corta a caricatura, mas compensa com muito carinho a obra original

De Alesson S. Moreira
Publicado em: Última atualização em: 3 minutos de leitura

Adaptações em live-action são consideradas um tema delicado dentro da comunidade otaku. É inegável a existência de diversos exemplos de produções questionáveis, sobretudo quando originadas no ocidente. Portanto, quando foi anunciada a adaptação em live-action de One Piece, a aversão se manifestou intensamente. O ceticismo era compreensível, uma vez que a saga dos piratas do chapéu de palha é conhecida por ser uma obra extensa e caricata. Diante disso, como realizar a transposição dessas características para a vida real?

E agora, após ter assistido o primeiro episódio de One Piece: A Série, posso dizer que realmente nem tudo do anime está no episódio, mas em grande maioria as mudanças são assertivas.

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One Piece. Season 1 of One Piece. Cr. Courtesy of Netflix © 2023

Esse primeiro episódio cobre mais ou menos o conteúdo que seria dos três primeiros do anime, reduzido algum pedaço, aprofundando em outros, mudando elementos que não seria tão bem vistos em 2023 e principalmente se aproveitando dos mais de 25 anos de mangá para antecipa ou referênciar futuros acontecimentos que agora sabendo do futuro, podem ser melhor trabalhados.

Muitas pessoas se questionaram depois de verem os traileres se o Iñaki Godoy teria mais energia de Luffy no material de divulgação do que na própria série, mas não, ele é o Luffy. De corpo e alma. Realmente o personagem perde um pouco do tom caricatural da animação, mas você ainda vai ver ele sendo um cabeça de vento, sonhador e um ótimo companheiro a todos a quem ele conhece, mesmo que seja por um dia. Inclusive o Godoy tem um time cômico ótimo, mas as cenas que ele precisa comover, ele entrega tudo e um pouco mais.

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One Piece. Iñaki Godoy as Monkey D. Luffy in season 1 of One Piece. Cr. Courtesy of Netflix © 2023

Mas não só o Luffy perde um pouco da caricatura, como a série substitui muito dela por um tom mais épico, que funciona muito bem com a proposta, por mais que as vezes faz um pouco de falta. Entretanto, a comédia continua lá, em menos contida, mas sempre que aparece tem grande êxito.

O seu orçamento de mais de 100 milhões do dólares também são bem gasto, não só no cgi dos personagens, que não deixa dever a animação, o Luffy estica, faz balas bater e voltar no seu corpo e em nenhum momento você se incomoda ou sente que vai pro vale da estranheza, assim como em momento mais violentos, como quando um personagem corta um corpo ao meio e você vê graficamente o corpo sendo dividindo e caindo no chão.

Também há piadas visuais, como os piratas sendo apresentado pelos seus cartazes de recompensa e as vezes até interagindo com eles, que dão efeitos muitos divertidos a série.

Mas o principal é que a cada segundo dá pra ver o amor de todos que participar dessa produção, desde do criador Eiichiro Oda, que esteve bem próximo da obra, aos showrunners Steven Maeda e Matt Owens, que fizeram um trabalho primoroso para trazer figurinos, cenários e adereços idênticos aos originais e aos atores Iñaki Godoy, Mackenyu, Emilly Rudd que interpretação com muita paixão seus personagens. Como eu disse anteriormente a série se aproveita dos vários anos da obra original para se referenciar, mas você nunca sente que é gratuito, parece tudo ser pensado para reverberar lá na frente.

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One Piece. (L to R) Taz Skylar as Sanji, Mackenyu Arata as Roronoa Zoro, Iñaki Godoy as Monkey D. Luffy, Emily Rudd as Nami, Jacob Romero Gibson as Usopp in season 1 of One Piece. Cr. Courtesy of Netflix © 2023

No mais, One Piece: A Série quebra a maldição das adaptações ocidental de conteúdos japoneses mudando algumas coisas, tirando o tom caricato, mas substituindo com muito carinho o seu material base.

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